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  • Carolina Bastos Pereira

Black Swan - A perfeição é a loucura

Espelhos, sombras, vultos, luzes e sons asfixiantes compõem o assoberbante Black Swan (2010), magnum opus de Darren Aronofsky.

Estrelando a brilhante Natalie Portman, o filme leva quem o vê a um delírio progressivo, à semelhança da personagem principal, Nina, escolhida para interpretar o Bem e o Mal, o cisne branco e o negro, no bailado Lago dos Cisnes, para uma reputada companhia de ballet.

Nina procura atingir, na arte e na vida, a estranha palavra cuja busca dita as escolhas que todos fazemos: a perfeição.

Para Kant, perfeição significa completude, harmonia, algo idealizável, mas nunca alcançável, e que deverá, no entanto, guiar o Homem nas suas decisões.

Ao longo do filme, acompanhamos Nina e a sua mente, através de planos e movimentos de câmara exímios, que nos atordoam e perturbam, e que ditam o tom de Black Swan, um filme sobre a busca da perfeição e a insanidade.

Aronosfsky desconstrói a ideia kantiana, vira-a do avesso e atira-nos à cara aquele que é um dos melhores filmes da história do cinema. E se a perfeição for alcançável?

E se a perfeição for, também, o feio, o visceral, o obsceno? A loucura.

Black Swan joga ainda com o conceito do Belo e do Horrendo. Nina pensa que a beleza e a perfeição se fundem, num compêndio harmonioso, porém lógico. Assim, faz tudo pela dança, deixando de viver, automatizando-se e focando-se em atingir a perfeição através dos seus passos de dança, controlados, irreprimíveis.

No entanto, o que lhe escapa é que a beleza não basta para atingir o que pretende. Falta-lhe o lado negro: o inexplicável, a entrega total à peça, que só poderá resultar na sua metamorfose progressiva, do cisne branco ao cisne negro. Do Belo ao Horrendo. Assistimos, deste modo, à transição da personagem para a loucura, pois só esta lhe poderá dar o que procura: a perfeição.

A cena final é uma das mais impactantes da história da sétima arte. A morte do cisne branco. A entrega total ao subjetivo e ao insano: à escuridão. A morte como o remate final essencialíssimo.

Afinal, existem obras perfeitas: são as que contêm em si mesmas a Beleza, o Horror, a Vida e a Morte, como Black Swan.



Carolina Bastos Pereira

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